Por Luiz Carlos Mantovani Néspoli

A Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) faz 30 anos em 2022. Criada em 1992, começou em duas ferrovias de transporte de passageiros: a Paulista S/A (Fepasa) e a Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU).

A CPTM incorporou um parque tecnológico diverso, com materiais rodantes, estruturas de energia elétrica, vias permanentes e sistemas de controle operacional em bases de controle de tráfego distintas. Além desse aparato, absorveu quase cem estações de várias épocas e padrões arquitetônicos, de operação e de administração.

A companhia herdou ferrovias muito degradadas pela constante falta de investimento e a “canibalização” pela falta de materiais de reposição. Exceto a Fepasa, que sofreu alguma remodelação (descontínua), as outras duas ferrovias nunca foram recuperadas em todos seus segmentos, só em reformas pontuais. A precariedade dos trens metropolitanos de SP foi registrada pela mídia por anos: sistemas inseguros, alto nível de acidentes, portas que não se fechavam, queda de passageiros pendurados em portas e engates, “surfistas” no teto dos vagões.

Durante seus 30 anos, a CPTM teve aporte de recursos substancial do Governo do Estado de São Paulo e passou por um programa de recuperação para modernizar material rodante, sistemas de controle operacional, sistema elétrico de tração e via permanente; construir novas estações; fechar passagens de nível; além de incorporar tecnologias que aumentaram a segurança e o controle de tráfego, diminuindo intervalos entre trens.

Criaram-se também novos padrões de gestão operacional, bilhetagem, controle da arrecadação e atendimento. Além disso, a CPTM reorganizou-se com planos de cargos, salários, carreira e programas de capacitação, adquirindo sua identidade atual, sem sombra dos problemas de antigamente.

Com cerca 270 km de linhas, que ganharam conexões, integração tarifária com o metrô, novos padrões operacionais e de atendimento, além da nova “cara”, não é à toa que a CPTM saltou de cerca de 800 mil passageiros diários em 1992 para a média de 2,9 milhões de passageiros/ dia em 2018, recorde só abalado pela pandemia.

A CPTM é exemplo do sucesso de uma das maiores políticas públicas em transporte urbano no país, o que não se deve só a tecnologia, novos edifícios, infraestrutura e gestão operacional, mas também à nova gestão empresarial, com recursos humanos e padrão em procedimentos e atendimento.

Hoje, os serviços ferroviários de passageiros em SP entram numa nova fase, com a iniciativa privada operando por concessão. Esse esforço de 30 anos deve ser preservado por quem segue e quem chega na empresa.

A busca pela qualidade é interminável, mas avança porque é sempre possível fazer melhor.

Parabéns aos que contribuíram para essa façanha e sucesso a quem chega agora.

Outros sistemas no Brasil esperam por isso.

Luiz Carlos Mantovani Néspoli

Superintendente da ANTP

ANTP – Associação Nacional de Transportes Públicos

Revista Sobretrilhos, pág. 20

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