Modernização da bilhetagem em transportes públicos devem ser prioridades em investimentos no Brasil
A modernização dos sistemas de bilhetagem em transportes públicos está no centro das discussões globais, com o Relatório State of Mass Transit Ticketing Hardware 2025, da HID Global, apontando cinco prioridades críticas para agências de trânsito. No Brasil, onde projetos de integração tecnológica ganham força, o desafio combina a adoção de inovações internacionais e a superação de obstáculos locais, como a dependência de sistemas ultrapassados e a busca por financiamento.
Modernização da bilhetagem em transportes públicos exige foco em tecnologia e parcerias
O relatório, baseado em uma pesquisa com 102 operadoras de transporte coletivo worldwide, revela que 43% das agências globais planejam implantar sistemas sem contato nos próximos dois anos, movimento que ecoa no Brasil. Por aqui, cidades como São Paulo e Rio de Janeiro já avançam na substituição de bilhetes magnéticos por cartões inteligentes e aplicativos integrados. Em 2023, o governo federal anunciou R$ 300 milhões em investimentos para modernização de sistemas de pagamento em metrôs e ônibus, com foco em interoperabilidade e inclusão digital.
A falta de financiamento, citada por 24% das agências globais como principal obstáculo, também preocupa o mercado brasileiro. Apesar disso, iniciativas locais mostram progresso: o Bilhete Único paulista, que atende 12 milhões de usuários, está migrando para plataformas contactless, enquanto o Rio testa pagamentos via carteiras digitais em seu VLT. A tendência nacional alia-se ao cenário global, onde 66% das agências priorizam interfaces intuitivas – reflexo da demanda por sistemas que simplifiquem o acesso, especialmente para populações menos familiarizadas com tecnologia.

No entanto, o país ainda enfrenta desafios únicos. Enquanto a Europa lidera a adoção de bilhetagem móvel (86% das agências), o Brasil busca reduzir a dependência de dinheiro físico, ainda utilizado por 35% dos passageiros em regiões metropolitanas, segundo a NTU. A meta é clara: até 2026, 70% dos sistemas de transporte devem oferecer pagamento por aproximação, impulsionados por parcerias com fintechs e operadoras de cartão.
Prioridades globais, soluções locais
O relatório da HID destaca a arquitetura aberta como prioridade para 40% das agências, visando flexibilidade e redução de custos – algo que o Brasil explora com o sistema QR Move, adotado em cidades como Curitiba. Já a coleta de dados de passageiros, essencial para otimizar rotas e tarifas, ganha força com projetos como o SIMM (Sistema de Informações da Mobilidade Metropolitana), em desenvolvimento no país.
A acessibilidade é um pilar fundamental da mobilidade urbana sustentável. Isso inclui não apenas a infraestrutura física, mas também a acessibilidade econômica e social. A bilhetagem sem contato, por exemplo, pode ser uma ferramenta inovadora, mas precisa ser complementada por opções acessíveis para todos os usuários, como a recarga via Pix ou o uso de cartões subsidiados. Essas medidas ajudam a garantir que a mobilidade urbana seja inclusiva e equitativa, atendendo às necessidades de diferentes segmentos da população.
A mobilidade urbana no Brasil está em constante evolução, com a Política Nacional de Mobilidade Urbana (PNMU) estabelecendo diretrizes para melhorar a acessibilidade e a eficiência dos sistemas de transporte. A PNMU prioriza modos ativos e coletivos, visando reduzir congestionamentos e emissões de gases de efeito estufa, além de promover a inclusão social e a qualidade de vida dos habitantes das cidades.
Opção por modelos abertos: tendência para melhorar a experiência dos usuários e rentabilidade das concessionárias
Com 38% das agências globais priorizando hardware não proprietário, o momento é oportuno para o país investir em padrões abertos, como os já adotados pelo Metrô-SP em sua rede. Enquanto isso, o setor privado acelera: startups brasileiras de smart mobility captaram R$ 580 milhões em 2023, segundo a ABStartups, com foco em integração de pagamentos e análise de dados.
O caminho é claro: modernizar a bilhetagem não é só sobre tecnologia, mas sobre construir sistemas que incluam, simplifiquem e preparem o transporte público para o futuro – com o passageiro no centro dessa revolução.