Por Renato Lobo

O mundo mudou, e muitas cidades do planeta estão trocando a frota de ônibus por veículos menos poluentes. Em países da Ásia e Europa, os ônibus a bateria vêm ganhando espaço, além dos híbridos, a hidrogênio e os trólebus, este último com caraterísticas dos coletivos a bateria com autonomia.
O mercado é promissor, e de acordo com o relatório anual Electric Vehicles Outlook (EVO), da Bloomberg New Energy Finance (BNEF), mais de 230.000 ônibus elétricos estão previstos para entrar em operação no mundo até 2025.
Na américa latina, pelo menos em abril de 2022, havia 3.209 ônibus elétricos em operação , de acordo com dados do E-Bus Radar. Deste montante, 2.162 ônibus elétricos são a bateria, e duas cidades dominaram, compreendendo quase 85% do total: Santiago, no Chile, tem 776 e Bogotá, Colômbia, conta com 1.061 ônibus.
Cenário em São Paulo
A maior capital brasileira está bem atrás neste número, sendo que conta com um sistema de transporte mais robusto. A cidade de São Paulo conta com 219 veículos elétricos, sendo 18 a baterias e os demais são trólebus.

A SPTrans proibiu nesta semana, as empresas de ônibus em adquirem veículos movidos a diesel, de acordo com reportagem do G1. Segundo o comunicado, o objetivo é aumentar o número de veículos elétricos, e medida em que a cidade planeja que até 2024, a cidade tenha 2,6 mil veículos movidos a energia elétrica.
A substituição desses ônibus não é uma tarefa simples no ponto de vista de valores. Em termos de custo das unidades, os elétricos podem custar até três vezes o valor de um ônibus a diesel.
A frota de ônibus em São Paulo conta com 13.806 veículos. Por falar em poluição, nos últimos 22 anos, os moradores da maior cidade brasileira respiraram ar com altas concentrações de poluentes e nem mesmo durante a pandemia (2020 e 2021) essa situação melhorou, de acordo com levantamento do Instituto de Energia e Meio Ambiente (IEMA).

A poluição ambiental provoca cerca de 7 milhões de mortes no mundo todos os anos, sendo cerca de 300 mil no continente americano. No Brasil, o número estimado de mortes causadas pela poluição do ar chega a 150 mil por ano.
Empresas alegam dificuldades
As empresas dizem que a determinação deve ser cumprida, mas que não será uma tarefa fácil. Para Francisco Christovam, presidente do SP Urbanuss, entidade que representa as operadoras, é necessário avaliar como a indústria vai responder a essa demanda.
Christovam ainda fala sobre a infraestrutura nas garagens para recarregar a grande frota elétrica determinada pela prefeitura:
“Quando eu trabalho com ônibus elétrico, eu tenho que pensar no abastecimento. Imagina que eu preciso de três a quatros horas para abastecer um veículo. Eu tenho uma garagem com 300 ônibus. Os ônibus começam a retornar da operação às 10 horas. E às 3 horas da manhã estão saindo. Tenho um espaço de tempo muito curto para abastecer a frota toda."
Para Rafael Calabria do IDEC – Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor, a medida é importante, mas não o suficiente, e cita falta de consistência do poder público na ação de troca da frota.
Fonte: ViaTrolebus