Fabricantes de locomotivas e vagões para o segmento de cargas trabalham hoje com quase 80% de ociosidade.

Por Carlos Prieto

Com uma ociosidade nas linhas de produção entre 80% e 100%, os fabricantes de trens e equipamentos prepararam um pacote de pleitos para apresentar aos novos governos federal e estaduais na tentativa de reverter essa situação. Os fabricantes de locomotivas e vagões para o segmento de cargas trabalham hoje com quase 80% de ociosidade. No segmento de passageiros, com exceção dos serviços de manutenção, as fábricas estão praticamente paradas sem novas licitações por parte das concessionárias.

Vicente Abate, presidente da Associação da Indústria Ferroviária (Abifer), destaca que houve avanços importantes nos últimos governos e é necessário que eles sejam mantidos. Ele cita, por exemplo, o programa de renovações antecipadas e as autorizações ferroviárias. “E a continuidade dos leilões. Acreditamos que logo teremos condições de avançar no processo da Ferrogrão”, afirmou Abate na manhã desta segunda-feira (28) em encontro com a imprensa.

O setor espera a posse dos novos governos para uma atuação mais efetiva. No âmbito federal, Abate diz que é preciso esperar pela definição dos nomes dos novos ministros e até de novos ministérios. “Não sabemos ainda se antigos ministérios, como das Cidades ou Indústria e Comércio, serão realmente reativados. Temos de esperar por essa definições.”

De qualquer forma, a lista de pleitos já foi fechada. Entre os pontos destacados estão a defesa da portaria que criou a Frota Ferroviária Verde, de setembro deste ano e que incentiva a adoção de equipamentos com menor emissão de gases, e o futuro do Reporto (Regime Tributário para Incentivo à Modernização e à Ampliação da Estrutura Portuária). O Reporto foi renovado até dezembro de 2023, mas Abate defende o início de uma negociação para ampliar e garantir o incentivo por um prazo maior, como por três anos.

Outro ponto importante seria a definição de critérios para a vida útil dos vagões, como já existem hoje para as locomotivas. Com isso haveria previsibilidade para a troca da frota, sabendo até onde poderia ser feita a recuperação ou o total descarte do equipamento. “Nosso setor vive como uma montanha russa. Existem anos com demanda muito alta, seguida de anos com queda também muito grande. Uma previsibilidade maior nos permitiria programar nossas compras e contratações de forma a até reduzir os preços”, afirma o dirigente.

Para 2023 a expectativa é um pouco melhor. A estimativa é entregar de 1,5 mil a 2 mil vagões completos. Com perspectiva de crescimento mais acelerado a partir de 2024. Em passageiros, contratos fechados pela Alstom permitirão ao setor voltar ao mercado externo. Abate prevê a entrega de 291 carros no próximo ano, sendo 285 para metrôs. Desse total, 69 unidades serão exportadas pela Alstom. Ainda estão previstos seis unidades do aeromóvel.

“E temos informação de que em dezembro ainda deve sair o edital para compra de 44 trens do metrô de São Paulo”, comemora Abate. Esse edital, segundo ele, deve incluir a preferência pelo produto nacional, como ocorre em licitações financiadas pelo Banco Mundial. Abate mantém a estimativa de que o modal ferroviário passe de 20% para 40% de participação no transporte total de cargas até 2035, como previsto no Plano Nacional de Logística.

Fonte: Valor Econômico

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