No transporte de Porto Alegre
Por ALEXANDRE PELEGI

O que aconteceria caso Porto Alegre utilizasse ônibus elétricos em lugar dos atuais a diesel no transporte público da cidade?
Dissertação de Mestrado no Programa de Pós-graduação em Engenharia de Minas, Metalúrgica e de Materiais da UFRGS, apresentada pelo pesquisador Guilherme Augusto de Oliveira Rugeri, simulou diferentes cenários do impacto ambiental e do custo do transporte público para a capital porto-alegrense no caso de uma substituição gradual dos veículos a diesel por 100% movidos a eletricidade.
O trabalho utilizou dados fornecidos pela EPTC (Empresa Pública de Transporte e Circulação), que gerencia o sistema dos urbanos na cidade.
Com orientação do professor Fabiano Perin Gasparin, a pesquisa buscava responder a uma questão: utilizar ônibus elétricos é mais viável e vantajoso econômica e ambientalmente que o uso dos veículos a diesel?
CENÁRIOS
Rugeri analisou três cenários hipotéticos. Em cada um, seriam introduzidos percentuais de 10, 20 e 30% de ônibus puramente elétricos.
A ideia foi pensar em uma introdução gradativa desse modelo.
O pesquisador conta que fez simulações primeiro colocando 140 ônibus elétricos, depois 200 e poucos, e depois o custo total de cada ônibus e da frota inteira.
No cenário “padrão” (com a frota atual), foram mantidos os dados atuais cedidos pela EPTC, simulando o uso do modelo de hoje no futuro. Rugeri tomei os preços atuais e os considerou em toda a vida útil dos ônibus e adicionou a inflação. Como resultado nesse modelo, o ônibus elétrico teria custo total 10% superior ao do veículo a diesel.
No segundo cenário, “favorável aos ônibus elétricos”, as simulações levaram em conta uma composição de preços mais promissora em relação aos ônibus elétricos. Isso se daria, por exemplo, com o custo de compra dos veículos mais baixo. Para a geração de parte da energia necessária à operação do ônibus, este cenário considerou a instalação de energia solar no telhado da garagem dos coletivos ou no depósito para atenuar os custos mensais. Como resultado, o ônibus elétrico custou 97% do valor do ônibus diesel.
Já o terceiro cenário considera mais a não concretização das tendências de diminuição de preço esperadas para os ônibus elétricos do que a queda de custos dos veículos a diesel. Nessa situação, o custo total do ônibus elétrico foi 18% superior aos modelos a diesel.
Ao final do trabalho, o pesquisador Guilherme Augusto de Oliveira Rugeri concluiu que é possível afirmar que, no futuro, o modelo com base na eletromobilidade poderá ser positivo em relação tanto ao meio ambiente quanto ao custo da frota.
“Eu achei que era uma coisa bem mais distante da realidade, mas na prática se vê que é quase viável. Pode ser que com qualquer incentivo de governo, qualquer política favorável, isso possa acontecer”, completa o pesquisador.
Fonte: Diário do Transporte