Levantamento antecipado na Pesquisa Origem e Destino para entender os efeitos da pandemia da Covid-19 também demonstra que apesar da queda das viagens diárias, o modal metrô teve crescimento no uso para deslocamentos à trabalho
O Metrô de São Paulo teve ligeiro aumento em sua participação nas viagens por modo principal dentro do transporte coletivo na Região Metropolitana de São Paulo (RMSP), conforme os resultados da Pesquisa Origem e Destino 2023, apresentada nesta terça-feira (11).
Somando as viagens de todos os modais coletivos – Metrô, Trem, Ônibus, Fretado e Escolar -, o transporte metroviário registrou 22,6% de participação nas viagens por modo principal, contra 22,2% de 2017, ano em que foi feita a última pesquisa.
Apesar da redução de 15,1% no número total de todas as viagens diárias na RMSP pela primeira vez na história (de 42 milhões para 35,6 milhões), em parte, por reflexo dos impactos da pandemia, o levantamento reafirma o importante papel do Metrô nos deslocamentos da população metropolitana.
O estudo também traz um diagnóstico dos efeitos da Covid-19 nas mudanças da mobilidade urbana, especialmente em três frentes: novas relações de trabalho (teletrabalho, homeoffice, híbrido), reestruturação do ensino (ensino remoto e cursos híbridos) e tecnologia (transporte por aplicativo e compras online).


Outro dado relevante da pesquisa é o aumento percentual das viagens por motivo de trabalho. Das 35,7 milhões de viagens realizadas na RMSP, 46,2% (18,9 milhões) foram feitas por este motivo em 2023, representando dois pontos percentuais a mais que em 2017.
A participação do Metrô nessas viagens também cresceu proporcionalmente: de 61,41% para 70,51%. Os dados indicam que, mesmo diante das mudanças nos padrões de mobilidade, o Metrô segue com seu papel essencial na estruturação da mobilidade urbana.
Dentre os sistemas coletivos, o Metrô também registrou a maior taxa de integração em 2023 (82,1%), seguido pelo trem metropolitano (74,74%). Em 2017, esses números foram ligeiramente superiores: 83,1% e 79,11% respectivamente, mas a manutenção de altas taxas de viagens integradas destaca a política do Governo em investir massivamente na expansão da rede, oferecendo novas possibilidades de deslocamentos rápidos e sustentáveis.
Somente em 2024, essa expansão teve recorde de aporte de recursos pelo governo estadual, com a aplicação de R$ 4,26 bilhões. Atualmente, 34,6 km de linhas estão em construção, sendo 19,3 km liderados pelo Metrô, como as ampliações das linhas 2-Verde e 15-Prata e a implantação da Linha 17-Ouro.
Perfil socioeconômico da população
Os dados também apontam mudanças no perfil socioeconômico da população da RMSP. A renda familiar média mensal atingiu R$ 6.776,00 em 2023, aumento de 38,1% comparado a 2017. O nível de escolaridade também apresentou aumento, com 38,2% da população possuindo ensino superior completo. Pela primeira vez desde 1967, a pesquisa considerou a raça, seguindo os mesmos critérios do IBGE de autodeclaração.
Além disso, o número de empregos cresceu 11,7%, chegando a 10,5 milhões na RMSP, índice cinco vezes maior que o crescimento populacional, o que reforça a importância do transporte público para garantir o deslocamento da força de trabalho.
Também houve um aumento significativo das pessoas realizando trabalho regular, de 38,4% para 45,4% da população total, no período. Vale lembrar que a Pesquisa Origem e Destino do Metrô é a única que traz a localização dos empregos, tanto formais quanto informais.
As mudanças impostas pela pandemia deixaram marcas no comportamento de deslocamento. Embora ohome office tenha se popularizado temporariamente, a pesquisa revelou que 87,3% dos trabalhadores estão no regime presencial e 12,7% no trabalho remoto, home office ou híbrido. As matrículas escolares distribuem-se em 91,2% em regime presencial e 8,8% em regime de ensino a distância.
Redução nas viagens diárias
No período de 2017 a 2023, o índice de mobilidade total passou de 2,02 para 1,68 viagens por pessoa/dia. A atual edição da OD mostra que foram realizadas 35,6 milhões de viagens diárias na RMSP, sendo aproximadamente 70,5% delas por modos motorizados (coletivo e individual) e 29,5% por modos não motorizados (a pé e bicicleta). Em comparação com 2017, o total de viagens diárias apresentou uma redução de 15,1% em 2023, com uma queda de 11,1% nas viagens motorizadas e de 23,3% nas não motorizadas.
Quanto à divisão modal, a distribuição percentual das viagens motorizadas por transporte individual passou de 45,9% para 51,2%, enquanto por transporte coletivo houve uma redução de 54,1% para 48,8%. A distribuição percentual das viagens não motorizadas por bicicletas passou de 2,8% para 4,5%, enquanto as viagens a pé caíram de 97,3% para 95,5%.
Do total de 21,236 milhões da população, 36,5% não fizeram viagens no dia anterior à entrevista da OD em 2023; enquanto em 2017 esse índice de imobilidade foi de 29,9%. As mulheres foram as que menos realizaram viagens no dia anterior à entrevista (56,8%).
OD em números
Com uma série histórica ininterrupta desde 1967, a Pesquisa Origem e Destino é referência para o planejamento da rede de transporte da maior metrópole da América Latina. Entre agosto de 2023 e meados de 2024, foram 111 mil arrolados e verificados, 74 mil domicílios visitados, dos quais 32 mil domicílios válidos e aceitos, e 79 mil pessoas pesquisadas.
Os dados de 2023 serão fundamentais para projetar novas linhas e melhorar a integração entre os diferentes modais, promovendo uma mobilidade urbana mais eficiente e sustentável.
Leia o relatório completo: https://www.metro.sp.gov.br/pesquisa-od